sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Igreja católica alemã ganha dinheiro a vender pornografia

Por Ricardo Paz Barroso, publicado em 1 Dez 2011

Foto de António Pedro Santos
Weltbild, um dos maiores livreiros e editores germânicos, possui 2 500 títulos pornográficos, mas só agora se descobriu que pertencia aos bispos


No melhor pano cai a nódoa. E quando se trata de pornografia, todo o cuidado é pouco. É por isso que a Igreja Católica alemã deve sentir-se totalmente manchada de vergonha com a descoberta feita no mês passado: a Weldbilt, uma das maiores editoras germânicas, que vende livros, DVD’s, música e também pornografia, é detida a 100% pela Igreja. A revelação surgiu num boletim da Buchreport, que dizia que a Igreja Católica também produzia e vendia pornografia. E segundo o “Vatican Insider”, do diário italiano “La Stampa”, o assunto deixa muito preocupado o Papa Bento XVI, nascido na Baviera em 1927.

Mas, pelos vistos, este era um segredo mal guardado, pois há dez anos que um grupo de católicos alemães andava a tentar alertar as autoridades eclesiásticas para o facto, tendo sido sempre ignorado. É por isso que, segundo o jornal alemão “Die Welt”, este grupo ficou revoltado com a declaração de um porta-voz da Igreja, quando este afirmou que a “Weltbild tudo fará para evitar a publicação de conteúdos pornográficos”.
Segundo o “Vatican Insider”, a Weltbild é um colosso dos media alemães. É detida há 30 anos por 12 dioceses e também pela Associação das Dioceses Alemãs. A Weltbild é a maior livraria alemã, e a segunda maior no segmento online, apenas batida pela poderosa Amazon. E é fácil perceber este apego dos bispos alemães à Weltbild: a empresa tem um volume de negócios anual de 1,7 mil milhões de euros. O “Vatican Insider” diz ainda que a empresa tem “servido de espécie de banco para a Igreja alemã”.
A Weltbild não se limita a vender livros, também os edita, nomeadamente através da “Droemer&Knaur”, da qual possui 50%. Esta “D&K” produz material erótico, mas também pornográfico, que depois é vendido pela Weltbild. No catálogo da livraria existem mais de 2500 títulos de cariz erótico e pornográfico.

Quem enfrentou este problema com as duas mãos foi o Papa Bento XVI. Num encontro com o novo embaixador alemão, Reinhard Schweppe, no Vaticano, Bento XVI proferiu, – “fora de contexto”, segundo o “Vatican Insider” –, a seguinte frase: “Chegou o momento de fazer frente à prostituição, assim como à divulgação de material erótico e pornográfico”. A secção do “La Stampa” dedicada à vida interna do Vaticano explica que a afirmação foi feita para mais rapidamente chegar aos bispos alemães. Falta saber como vão reagir os protestantes alemães.

Sem comentários: