MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA!
O Papa Bento XVI acaba de surpreender a Igreja e o Mundo com o anúncio da sua resignação para as 20 horas do dia 28 de Fevereiro de 2013. Mais vale tarde do que nunca. Em boa verdade, o Cardeal Ratzinger nunca haveria de ter sido eleito Papa. Porque, para o ser, tem de ser Bispo da Igreja de Roma. E qualquer Bispo em exercício de funções, deve apresentar a sua resignação, quando completa 75 anos de idade, Ora, quando eleito, o Papa já somava 78 anos. Podia ser cardeal, mas não podia ser bispo da Igreja de Roma. E, se não podia ser Bispo da Igreja de Roma, menos ainda podia ser o Bispo dos Bispos de todo o mundo católico, o Papa. A idade que ele agora invoca para renunciar, já a deveria ter invocado para não aceitar a eleição. Mas a tentação do Poder fala mais alto. Agora, perante os sucessivos escândalos no interior da Igreja – as lutas intestinas pelo Poder papal; os negócios sujos e as sucessivas denúncias de lavagens de dinheiro; os segredos de Estado completamente traficados na praça pública; os casos de pedofilia de que se conhece apenas a ponta do iceberg; as deserções em massa do clero; a teimosia na manutenção da perversa e imoral Lei do celibato obrigatório dos padres; a exclusão das mulheres dos ministérios ordenados; a extinção galopante do clero, na igreja católica, reduzida, neste particular, à condição de um grande asilo, já sem qualquer “pedalada” para as ingentes questões da sociedade do terceiro milénio – forçam o Papa Bento XVI a reconhecer que já não consegue acompanhar as grandes questões com que se debate a Igreja católica, a maior parte das principais frentes. A Cúria romana é, há anos, uma Cúria sem Papa efectivo, em que as grandes decisões têm passado todas ao lado de Bento XVI, como se ele já não existisse. Tem, ainda assim, alguma grandeza moral esta anunciada resignação do Papa. Contudo, esta seria bem maior, se ele, aos 78 anos, mesmo eleito pela maioria dos cardeais, por indigitação e a pedido do seu antecessor, João Paulo II, tivesse resignado antes mesmo de tomar posse.
Mário Pais de Oliveira
Artigo tirado dAQUI.
Sem comentários:
Enviar um comentário